Avenida paralela toma forma de aspiral
2015-2016
Ação
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Avenida paralela toma forma de aspiral, APTFA, é o nome do trabalho de conclusão de curso em Artes Visuais na Fundação Armando Álvares Penteado de Laura Carvalho.
O trabalho foi orientado pela professora Suzana Torres, Doutora em Psicologia da Educação, pela PUC SP. Tendo sua banca de avaliação composta pela professora, Caru Duprat, Doutora em Artes Visuais pela Unicamp, pelo filosofo, Peter Pál Pelbart, Doutor em Filosofia pela USP, e pela professora Ana Helena Curti, Diretora na empresa Arte3 -assessoria produção e marketing cultural.
Este trabalho foi pensado e desenvolvido para acontecer no momento que precede sua banca de avaliação. APTFA assume assim, um caráter frágil e efêmero. O trabalho nasce e pretende-se múltiplo, tendo um aspecto hibrido, pode ser compreendido através de diferentes categorias, porém foi categorizado como uma ação, já que visa estabelecer uma relação, uma real- ação entre todos os envolvidos. Visando fazer de nó(s) laços , de estruturas rígidas cirandas….
Avenida Paralela toma forma de aspiral é um corpo de trabalhos que visa se articular a partir dos seus três membros principais:
Composição sonora/ Colcha de retalhos/Roda
<-- Clique na foto ao lado para ver mais detalhes
Composição sonora _ 4´ 38’’ – Pontua o início do trabalho e consequentemente de sua banca de avaliação.
Colcha de retalhos – Trabalho de costura que marca o centro da roda, sendo margeado, pelos meus cadernos de percurso, pela monografia e por pequenos ovos de cerâmica, símbolos do nascimento do trabalho, disponíveis para o uso dos membros da banca de avaliação e convidados.
Clique abaixo para ouvir a composição sonora.
Roda- Formada pelos membros da banca e convidados. É dentro do espaço circular formado pela roda, que se provoca um deslocamento do olhar sobre as forma usuais e recorrentes de vivências e composições dos espaços de aprendizagem.
Avenida paralela toma forma de aspiral é reflexo de minhas experiências vividas dentro do Instituto Nise da Silveira, no Hotel e Spa da Loucura, Rio de Janeiro. O objetivo dessa experiência era a criação de uma oficina de artes destinada aos residentes da enfermaria do Instituto. A oficina foi criada, levando o nome de Canto do Arteiro, porém foi dentro das práticas realizadas pelo Hotel e Spa da Loucura, que se fecunda APTFA.
O Hotel e Spa da Loucura, idealizado pelo médico e ator Vitor Pordeus é um local que se propõe, a partir da arte, criar um espaço de lazer e relação entre os residentes das enfermarias do Instituto Nise da Silveira e seus visitantes . Sua principal prática é o teatro de DyoNises, espécie de junção entre os princípios dionisíacos com as proposições de Nise da Silveira. Sua articulação é uma mistura destes preceitos com os conceitos do teatro ritual de Antonin Artaud e com as práticas do teatro de rua, de Amir Haddad.
O teatro de Dyonises se articula dentro do espaço formado por uma roda, remontando as práticas de nossos ancestrais, onde: HISTORIA política DANÇA musica MEDICINA artes CIENCIAS, se fundem. Este tipo de roda graças ao ritual que se propõem acaba gerando uma experiência transformadora aos seus envolvidos, uma experiência limite, que acaba transformando espaço interno e externo, criando um dinamismo no meio e no ser.
Avenida paralela toma forma de “aspiral” – se propõem a fazer uma releitura deste espaço , que dentro dos limites de sua circunferência propicia o encontro, o diálogo e a transgressão do espaço e tempo vigentes, permitindo assim, a manifestação do outro existente dentro de nós mesmos . Reside nessa tentativa de (re)criar um ritual, o motivo do alimento disponibilizado para os convidados, durante a apresentação de APTFA. Alem do alimento, me coloco, como alegoria de mim mesma: LAURA_AkiÓ, figura que surge munida de seu chapéu. O objeto, tal qual um cocar, é carregado de aspectos simbólicos, servindo como meio de proteção e força, protegendo e potencializando a existência tanto de LAURA_AkiÓ, quanto de Laura Carvalho.
Avenida paralela toma forma de “aspiral”, faz parte da minha trajetória individual, deste meu processo de auto-reflexão, onde constantemente procuro vivenciar experiências que me colocam em contato com meus limites. Esta linha que delimita o limite é o fio condutor do trabalho, ora visto como linha tênue entre sanidade e insanidade, ora como algo a ser vivenciado, atravessado, superando as convenções e normas tecidas nos panos sociais. Não é a toa que a costura é meu principal instrumento de trabalho, o ato da costura tal qual a intersecção, parte do furo, da quebra da ruptura, para transpor, unir, criando assim, algo novo.
É neste processo de atravessamento que vejo uma metáfora, em relação ao ato da costura e o que ocorre quando se experiência uma situação limite, – em ambas as situações há uma quebra, uma ruptura , um atravessamento do corpo, que sai transformado. Nesse percurso, dúvidas, medos, indagações, vulnerabilidade, descobertas, aventuras e decepções são constantes,e evidentemente existe a angustia, que nasce da impossibilidade de fazer o outro vivenciar aquilo que já vivi…É do ventre desta angustia que se gera o APTFA, pois graças a ela, passo a compreender que uma experiência pessoal só poderá afetar o outro a partir da criação de uma nova experiência que (re)crie a potência outrora vivida .
A monografia de Avenida paralela toma forma de “aspiral”, é reflexo dessa costura, que atravessa não só os objetos que encontro pelo caminho, mas também a matéria teórica em que se baseia esse trabalho.Tecendo o pensamento de diferentes- AUTORES, POETAS, ARTISTAS, INTERPRETES, – provocadores de pensamentos, escolho dividir a monografia em atos.
Um ato se define como ação, no caso, uma real_ação, isto é, uma relação, de horizontalidade, intimidade entre eu e minhas múltiplas referencias, que se articulam, em um texto em formato de dialogo, que se assemelha a um roteiro.
Esta narrativa, próxima a um roteiro, é uma grande colcha de retalhos, onde tudo é costurado: conceitos, metáforas, experiências, referências bibliográficas… Um devir constante, onde através da linha, do nó e da agulha se costuram novos significados, uma busca por ordenações dinâmicas, que se apresentam precárias e provisórias.
As referências teóricas foram descobertas e companheiras neste percurso, próximas e constantes fontes de provocações fundaram significados ao vivido, criaram familiaridades. Por isto, as referências aparecem pelo primeiro nome do autor, revelando um duplo movimento de intimidade com os autores e estranhamento em relação à forma.